15 d’octubre, 2014

Jaques Morelenbaum por Caetano Veloso


Jaques Morelenbaum (c) Andrea Palmucci.

Por Caetano Veloso

A saudade do futuro é o futuro da saudade. O cello de Jaques Morelenbaum, som miraculoso que tive a dita de ter como companheiro próximo de todas as minhas emissões vocais melódicas, de todas as minhas inspirações composicionais e de todas as minhas idealizações de estruturação de sons. A natural inteligência musical deJaquinho é de enorme abrangência e o "eu" que se encrusta nela é de uma generosidade inacreditável. Agora, finalmente, temos um disco em que essa densa realidade humana - que temos o privilégio de ver desenvolvida entre nós - se mostra pura. O CelloSam3aTrio é expressão da vida musical que vem assinada Jaques Morelenbaum embaixo. Ninguém melhor do que Lula Galvão ao violão para ser parte da textura (e da imaginação improvisadora) dessa música. E os sons percussivos de Rafael Barata fecham cada célula joãogilbertiana do disco branco, aquele em que João pronuncia as vogais breves abertas. CelloSam3aTrio é nova voz no mundo. O maracatu sob a bruma rítmica do romantismo profundo de Jaquinho é o segredo do segredo. O samba ternário de Lula é a felicidade da música dos músicos (há músicas que são só dos ouvintes). Lyra e Tom e tais, tudo vem para o futuro adequadamente. Meu coração vagabundo não poderia almejar mais bela análise sentimental de todas as suas artérias. O Gil do João revém nessa compressão-expansão harmônica que é o gênio da música se esbaldando. Um trio. Fórmula tema/improvisação/tema. Como pode algo tão grandioso caber no que parece tão pequeno?

Traducción castellana, cortesía de Carlos Galilea, aquí.

En concierto, viernes 17 de noviembre, Auditori de Barcelona.